"...you thought they were all kiddin´you
you used to laugh about
everybody that was hangin´out
now you don´t talk so loud
now you don´t seem so proud..."

terça-feira, 14 de julho de 2009

Um sonho todo azul. Azul da cor do mar.

E assim como entrou na minha vida, hoje se foi.
De repente...

Uma verdade inquestionável. Todo cara interessante já está interessado em outra pessoa que não eu, e claro, é correspondido.

Ele chegou disfarçado em um telegrama. Eu precisava ir ao Intituto até o dia 12/06 e se não fosse, seria desclassificada. Putz, eu nem me lembrava mais daquele concurso. Fui. Pensei, decidi, liguei pro meu chefe e pedi demissão. Mandei a publicidade às favas. Às vezes é preciso abandonar o barco e seguir a nado livre mesmo. Comecei a trabalhar no meu novo emprego dia 15.

_Bruna, em qual bairro você mora? - Perguntou a boss. Daí ela disse que eu ficaria na minha região. Um cara tava saindo e eu entraria em seu lugar. Então fui pra Região Leste e minha supervisora me deu um cartão BHbus pra que eu visitasse os locais com ele, acompanhar o serviço de perto, aprender e me familiarizar com o roteiro que eu vou repetir mês após mês nos próximos 2 anos se nada der certo.

Ahh, bonitinho, eu pensei. E aquele cabelo desgrenhado, a barba por fazer, a atenção a cada palavra que eu dizia, as duas tattoos, a forma como olha nos olhos, a gargalhada sincera como a de uma criança, a espontaneidade, o jeito polêmico, as idéias esquerdistas, a mochila, o gosto pela literatura, o gosto musical... Ahh, tudo, tudo formava um conjunto que me encantou desde os primeiros 5 minutos de conversa.

"Aqui todo mundo é de câncer. Câncer combina com escorpião. Que bom, né?! Acho que você vai se dar bem aqui." É um louco. Andamos por essa cidade, trocamos idéias, experiências, demos risadas. Durou uns 15 dias. Nunca conheci alguém que fosse tão parecido comigo. O mais interessante de 2009. haha. Os mesmos gostos, os mesmos livros... E eu amo livros, quer me impressionar é só falar de livros.

Tá bom vai, ele gosta de Michael Jackson... E confesso que eu já estou mais do que saturada com toda essa parafernalha da mídia que não deixa o cara morrer em paz e quer a todo custo ressucitar a música e o moonwalk.

Eu tenho teclado, ele também; eu tenho uma gaita, ele também; eu tinha um violão, ele também tem; eu amo livros, ele também; The Beatles, ele também; quero uma radiola, ele já tem; fiz natação, ele também. Socorro, chega de coincidências na minha vida.

As diferenças, Bruna. Pensa nas diferenças.... Ele sabe tocar, você não toca música nenhuma, só escuta. Ele sabe nadar muito bem, você não morre afogada, mas tb ñ passa disso. E os livros? São livros famosos. Vê se ñ cai nessa outra vez. Já as músicas, realmente, é uma coicidência. A maioria das pessoas dos 20 aos 25 anos de hoje não gostam das músicas que vocês gostam. Mutantes, Janis, Bob, Jorge Ben Jor, Chico Buarque, Lô Borges, Pink Floyd, Flávio Venturini, João Bosco, Radiohead, Led, Guns. Gostar de Guns e assumir que gosta de Guns é super bacana. Melhor ainda, ouvir Um toque de clássico na Guarani FM.

_Eu tenho uma grande dificuldade em terminar as coisas que eu começo. Já fiz ballet, ñ sou bailarina. Já fiz natação, ñ sou nenhum Phelps. Já fiz vôlei, só completo equipe. Não sou muito boa com os esportes. Sei lá. Tenho gaita e não sei tocar direito. Teclado também não. Comecei a aprender violão, mas parei. Acho que um dia vou tentar teatro. Teatro eu acho legal,um desafio. rsrs.
_Pode ser sua última chance de terminar alguma coisa. Começa pra ver.
_O que?
_O teatro.

A despedida... Ele tem namorada e é louco por ela. Um dia eu ainda encontro alguém que goste tanto assim de mim. É bonito isso. Queria ter falado tantas coisas, trocar e-mails, manter contato, falar, falar, falar e ouvir. E o máximo que saiu foi: "Boa sorte, muito sucesso na sua vida. Eu gostei mto de te acompanhar, viu?! Das conversas... Vc é uma pessoa agradável." Ele riu, concordou, retribuiu e completou "Deu pra fazer muitas loucuras, né?!" Atravessamos a rua, demos um abraço, continuamos conversando e assim foi. FIM!

Agradável??? Eu disse agradável? Pqp. Na boa, eu sou uma anta. Como eu sou idiota. Agradável é foda. Deixou saudades e um cheiro de ervas no ar.

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Azul da cor do mar - Tim Maia

Ah!
Se o mundo inteiro me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi...

E na vida a gente tem que entender
Que um nasce prá sofrer, enquanto o outro ri...
Mas quem sofre sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo prá sonhar
Ter um sonho todo azul, azul da cor do mar...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vento, ventania

A Susan Boyle é um exemplo. Algumas pessoas têm uma força de vontade tão grande e uma determinação para alcançar seus objetivos, que seria injustp se não conseguissem.

Eu adoro quando as pessoas duvidam de alguém, principalmente porque isso já aconteceu comigo. Pode até parecer maldade, mas não é não. É um fato. Quando duvidam da nossa capacidade, nasce em nós um sentimento tão forte que dá um mega impulso pra que a gente consiga alcançar um objetivo. E a gente consegue!

Quando era criança estudei em escola particular. Eu era boa aluna, a professora chamava minha mãe na escola e pedia a ela para não me ensinar as coisas em casa, porque eu estava atrapalhando o andamento dos outros alunos. Detalhe: os meus pais nunca me ajudaram a fazer sequer o dever de casa.

Mas um problema de saúde que poderia acontecer com qualquer pai do mundo, atingiu logo o meu. Assim, papai teve que largar um dos empregos e, imaginem, manter três filhos em uma escola particular não é tão fácil quanto parece. E esse foi um dos acontecimentos mais importantes da minha vida, como um divisor de águas. A partir daí eu não seria mais a mesma.

Fui estudar na escola pública, que por sinal era a escola modelo de BH, referência do ensino público na época. Ahh, foi a melhor coisa que me aconteceu na vida. Conheci as pessoas mais interessantes, marcantes e das quais sinto mais saudade. Hoje tenho contato com poucos, mas sinto falta de muitos. E claro, muitos dos discursos que adotei e grande parte da minha filosofia de vida saíram dali, daquela escola rosa e daquelas pessoas que seguiram caminhos tão diferentes dos meus.

Quando cheguei lá, fui boa aluna desde o primeiro dia. É verdade quando dizem que o ensino público é deficiente. Fiquei um ano vendo coisas repetidas, coisas que eu já sabia e que a galera custava a aprender. Mas por pior ou melhor que seja a escola, bom mesmo deve ser o aluno. Peguei o ritmo e assim foi por toda minha vida.

Me formei no Instituto. E nesse mesmo ano, 2004, surgiu o Programa Universidade Para Todos, do Governo, mais conhecido como ProUni. Tentei Direito nas 5 opções, mas não consegui vaga de 100% por causa da renda do meu pai, que era superior ao limite. Então, das vagas remanescentes fiz uma salada dos cursos que achava mais interessantes e tentei a sorte nos 50% mesmo.

Dentre Direito, Ecologia, Publicidade, Fonoaudiologia e Engenharia de Produção, não sei por que cargas d'água fui cair logo na Publicidade. E claro, no meio de pessoas que não tinham os mesmos gostos que eu, os mesmos assuntos, as mesmas experiências e a mesma classe social.

Alguns pensamentos de esquerda eu abandonei ali, depois de conversar horas e horas com um "burguesinho" que, depois de muito tempo, se mostrou uma pessoa totalmente diferente do que eu pensava a priori e hoje ocupa um lugar mto especial no meu coração.

O pessoal da faculdade era e ainda é contra assistencialismo público. Algumas pessoas nunca mudam mesmo. Para eles, ProUni era absurdo, o universitário não entrava nas mesmas condições, logo não teria condições de exercer a profissão com a mesma competência que eles - os super inteligentes que preferiram estudar na faculdade particular, ao invés de ir pra UFMG, que tinha conceito baixo em Comunicação Social. haha

E isso que acabei de escrever tem tudo a ver com a primeira frase do post. Pq esse preconceito idiota despertou em mim um desejo enrome de mostrar pra eles que qualquer pessoa tem capacidade de ser o que quiser, se tiver oportunidade. E assim fui o Destaque Acadêmico, só pra contrariar as estatísticas.

Por causa do Destaque, ganhei uma Pós e não quis fazer; entrei em um curso de inglês pra minimizar meu complexo de inferioridade, também fui destaque no inglês; e agora, com o canudo debaixo do braço e uma declaração de Destaque na gaveta, estou pensando...

Que merda! Que grande merda.

Não quero ser publicitária, quero ser funcionária pública, ter estabilidade e claro, atuar na área que escolhi desde o princípio. Contribuir com o meu país e tentar melhorar essa joça.

Comprei uma escada pro paraíso e estou subindo a passos lentos, para apreciar a paisagem e curtir cada momento. Tenho 22 anos e uma vida inteira pela frente. Direito, eu to chegando!